A dica de Pub em Oxford é o The Chequers, um Pub muito, mas muito bacana mesmo na cidade de Oxford, no Reino Unido. Durante nossa rápida passagem pela cidade, estávamos numa grande sinuca de bico: dentre os inúmeros pubs e bares da cidade, quais seriam os escolhidos, de forma que fosse uma experiência única e marcante?
Pois bem, eis a resposta: estando em Oxford, não de visitar o “The Chequers“, localizado na 131 High Street, bem próximo ao calçadão central da cidade.
The Chequers – Oxford, Reino Unido
Para chegar é necessário passar por um pequeno “beco”, e a recepção não poderia ser mais direta e objetiva, como podemos constatar na foto acima!
Outros detalhes interessantes: Grande parte das instalações do Pub continuam como se estivéssemos nos idos de 1500, quando o local não passava de um antigo cortiço de propriedade de um agiota, posteriormente reconstruído e transformado numa taberna, onde ocorriam apresentações consideradas “fora da normalidade”, como homens gigantes, animais “diferentes” descobertos por exploradores do século 17 e até novas tecnologias da época.
Preste atenção no “tabuleiro” em forma de escudo logo na entrada, símbolo do Pub: sua origem remonta no fato de este ser um “símbolo” utilizado pelos comerciantes naquela época, que utilizavam roupas xadrez na Roma antiga.
The Chequers – Oxford, Reino Unido
Não podemos deixar de citar que o “The Chequers” também faz parte da franquia “Nicholson”, de excelentes pubs britânicos, que por si só já é garantia de qualidade e ótimas cervejas. Para saber mais sobre a Nicholson, clique AQUI.
The Chequers – Oxford, Reino Unido
No dia da nossa visita, chegamos para uma “Happy Hour”, após um dia de muitas atividades turísticas pela cidade. No entanto, o estabelecimento também funciona como restaurante, localizado na parte externa, sendo a parte interna um típico Pub britânico.
Não deixe de experimentar o famoso “fish and chips” do The Chequers, ou o não menos fantástico “hambúrguer do Nicholson”, com ingredientes tipicamente britânicos, escolhidos a critério do cliente, ou ainda a torta de cogumelo, muito recomendada por viajantes que passaram por lá.
The Chequers – Oxford, Reino Unido
Para degustar uma boa breja, sugerimos a “Jaipur”, uma deliciosa IPA britânica, fabricada pela Thornbridge Brewery, de cor dourada e aroma floral, e a excelente “Wild Holly”, da mesma cervejaria, uma típica Winter Ale, encorpada e muito saborosa.
Para os adeptos de “Gin” e ‘Whisky”, a casa ainda possui um cardápio todo especial.
The Chequers – Oxford, Reino Unido
Para maiores informações sobre o “The Chequers”, clique AQUI.
Já falamos que a África do Sul é um destino muito romântico, consequentemente um excelente destino para lua-de-mel, além de ser um destino de viagem em família e um destino de aventura. Fomos convidados para conhecer Kurland Hotel, localizando no coração famosa Garden Route (Rota Jardim), e conseguimos experimentar um pouco de tudo isso (romantismo, família e aventura) em um único destino. E é o que compartilhamos agora com vocês.
O Kurland Hotel está localizado na região de Plettenberg Bay, em plena Garden Route, ao lado do Nature Valley, do Bungee Jump mais alto de ponte 210 metros (Bloukrans Bridge), e de vários outros lugares e passeios incríveis.
Apesar de ser possível chegar ao hotel a partir do aeroporto mais próximo, que é na cidade de George, ir de carro pela Garden Route é uma excelente opção, pois já faz parte da própria viagem em si, e a rota possui vários pontos de paradas lindos para foto.
Vejam os mapas abaixo e entendam a localização do hotel:
No mapa abaixo, a estrada principal na cor amarelo com o número 2 é a N2 (Garden Route):
O Hotel
O Kurland Hotel é um hotel boutique 5 estrelas, de propriedade familiar, com apenas 12 suítes, localizado no coração da Garden Route, na África do Sul. Mesclando arquitetura de um mundo velho e com o mundo moderno, o hotel ganhou uma excelente reputação ao oferecer privacidade em um refúgio exclusivo de 700 hectares de uma beleza natural, e está incrivelmente situado entre montanhas, muito verde, em meio a uma paz indescritível!
Pelo fato de estar em uma região de clima mediterrâneo, é um lugar ideal para curtir em qualquer época do ano! E de termos desejado dias lindos para curtir a piscina do hotel e a piscina privativa da nossa suíte 🙂 chegamos no Kurland Hotel em um dia nublado. Mas, sinceramente. Com as montanhas ao fundo, os cavalos no campo, o quarto, as lareiras, inclusive a do nosso quarto, eu amei aquele clima mais frio e nublado para curtir o hotel.
Para terem ideia disso, olhem a vista da nossa suíte quando estava o tempo nublado:
Kurland Hotel, no coração da Garden Route, na África do Sul
E abaixo, em um lindo dia de sol! Qual dia será o mais bonito e aconchegante?
Kurland Hotel, no coração da Garden Route, na África do Sul
A parte principal do hotel possui várias salas de estar com sofás, poltronas, lareiras, livros, flores (ah! Flores!!! Elas estão por todos os lados no Kurland Hotel). Todos estes cantinhos são muito charmosos e aconchegantes! E como os dias que visitamos o hotel estavam bem frios, estava delicioso curtir estes espaços, sempre com as lareiras acesas.
Sala de estar no Kurland Hotel
E como se não bastasse essa área interna romântica, agradável e charmosa, a área externa é uma delícia para caminhar, fazer uma corrida, uma trilha, ou apenas tomar um ar puro, curtir uma manhã de sol ou o fim do dia.
Caminhos de Kurland Hotel, na África do Sul
O Kurland Hotel também disponibiliza alguns cavalos para os hóspedes andarem (valor sujeito a consulta), mas os quadriciclos e bicicletas são gratuitos.
Qual hóspede não quer ser bem tratado em um hotel? A exclusividade de um hotel boutique é o que mais tem atraído os hóspedes para este tipo de hotel. Desde o momento em que chegamos ao Kurland Hotel até o momento final (lembram que falamos sobre como os sul-africanos são amistosos?), todos da equipe do hotel foram tão atenciosos, que a exclusividade foi exatamente em nos sentir como se estivéssemos em casa e fôssemos da família: foi estar no quarto no fim da tarde, e receber um “mimo” da cozinha; foi ter um chá-da-tarde gratuitamente todos os dias cheio de coisas gostosas; ter uma bandeja com várias bebidas, também gratuitas para os hóspedes; foi ter uma piscina privativa na varanda do nosso quarto; e, sentir uma privacidade indescritível em um hotel com apenas 12 suítes.
Este é o Kurland Hotel!
Mimos da cozinha servidos no quarto
Mimos da cozinha servidos no quarto
Acomodações
Como dissemos anteriormente, o Kurland Hotel possui apenas 12 suítes, sendo 2 “elegant suites“, 6 “luxury suites” e 4 “superior suites“. Se as “elegant suites” que são consideradas as mais básicas do hotel já são um charme, ou como o próprio nome diz muito elegantes, imaginem as suítes superiores? E eles nos acomodaram justamente em uma suíte superior, que, com toda a sinceridade, foi uma das suítes mais lindas que já nos hospedamos! Quarto digno de uma princesa, com detalhes muito românticos! Para quem estiver em lua-de-mel, terá um momento inesquecível! Pode ter certeza! 🙂
Superior Suite (Kurland Hotel, no coração da Garden Route)Superior Suites:
Duas destas suítes são afastadas da parte principal do hotel, que as tornam bem privadas e íntimas, e são um tipo de acomodação ideal para famílias com crianças ou até para famílias com mais de duas pessoas. Isso pelo fato de que existe um quarto na parte inferior, com uma cama de casal, e um outro quarto no segundo andar, com uma porta exclusiva que pode ser fechada, onde até 4 pessoas podem ser acomodadas.
Esta suíte possui 75m², e é muito espaçosa, confortável e aconchegante:
A parte inferior, com a suíte principal, possui cama de casal extremamente confortável (era difícil querer acordar e sair dessa cama), lareira, televisão, ventilador de teto, persiana na janela, além das cortinas, uma varanda enorme com piscina privativa!
Que charme a Superior Suite do Kurland Hotel
Confesso que ficamos um bom tempo olhando todos os detalhes de décor do nosso quarto no Kurland Hotel. É muita peça de decoração que mescla o velho e o moderno, em uma sintonia perfeita! Adoro hotéis assim!
O banheiro do nosso quarto foi um caso de amor à parte! Foi o banheiro mais lindo de todas as nossas acomodações! Quer algo mais romântico e único que isto? Observem este papel de parede! É tudo muito lindo, desde as luminárias, a banheira… o banheiro possui local para acomodar as toalhas são aquecidos, duas pias separadas… e a ducha era algo simplesmente incrível!
Banheiro de princesa do Superior Suites do Kurland Hotel
A parte superior do nosso quarto (os lofts) são totalmente projetadas para ser um refúgio seguro para as crianças terem sua própria experiência de férias, proporcionando a privacidade para os pais na suíte principal, que fica no andar de baixo. E tudo é tão dedicado aos pequenos, que inclusive os amenities são na versão Kurland infantil.
Loft da Superior Suite do Kurland HotelBanheiro do Loft da Superior Suite do Kurland Hotel (totalmente planejado para as crianças)
Voltando para a suíte principal, onde passamos a maior parte do tempo, esta é a varanda com nossa piscina privativa! As cadeiras possuem almofadas que estavam no interior do quarto por que o dia, além de frio, estava meio chuvoso.
Varanda da Superior Suite no Kurland Hotel
O Café-da-manhã
O café-da-manhã está incluído na diária do Kurland Hotel é uma delícia de café, que pode ser servido tanto no restaurante do hotel, quanto na varanda, de frente para a fonte, se o tempo estiver mais fresco e assim permitir. Mas no primeiro dia, que estava mais frio, aproveitamos a lareira e tivemos nosso café ali mesmo, no interior do restaurante. Vejam que mesa linda!
Buffet de café-da-manhã no Kurland Hotel
No Kurland Hotel, como deveria ser em um lugar que te proporciona uma experiência tão exclusiva, o café-da-manhã é servido em uma mesa no meio do restaurante. Isso fez com que nos sentíssemos como se estivéssemos na casa de uma família.
Mas além deste buffet delicioso com presuntos crus, queijos, geleias, sucos, scones, croissants, iogurtes, cereais, você pode pedir refeições mais especiais constantes do menu.
O restaurante
O Kurland Hotel possui um restaurante aberto a não hospedes, com uma cozinha requintada, que está sob os cuidados do Chef Leon Coetzee, que além de super talentoso, adoramos os pratos do restaurante, que eram muito saborosos e possuíam excelente apresentação. Adoramos saber, também, que eles dão ênfase a ervas frescas e orgânicas, além de alguns vegetais cultivados na própria propriedade.
Kurland Hotel foi orgulhosamente listado no Top 100 Restaurantes, no Prêmio Diners Clubs International Dine 2007, além de vários outros prêmios.
A exclusividade do Kurland Hotel demonstra uma vez mais pelo fato de que o restaurante não possui um lugar fixo. Ele pode ser “montado” na biblioteca, na varanda, na piscina, no pátio, no terraço privado, ou no jardim cheio de rosas, que são muito típicas e presentes no Kurland.
Outro detalhe maravilhoso deste restaurante é que o cardápio varia a cada dia. Ou seja, a cada dia, você tem uma surpresa! E para nossa alegria, os preços são muito justos, então, mesmo que você não esteja hospedado no Kurland Hotel, vale a pena ter uma experiência grandiosa em seu restaurante.
Restaurante do Kurland Hotel, no coração da Garden Route
Nosso primeiro jantar, optamos por tomar um vinho branco. Então, nossas escolhas foram pratos a base de peixe, que mais leves combinaram com nosso vinho branco. Que delícia este souflê de queijos! Aliás! Tudo estava delicioso! Parabéns ao Chef Leon!
Souflê de queijo duplo com vinho tinto, pistache, nozes verdes e mostarda de mel. Maravilhosa entrada!
Salmão da Noruega com lentilha marrom, para prato principal
Salmão com aspargos, micro folhas e molho holandês, como entrada
É bom reforçar que os pratos na África do Sul são muito fartos! Assim, uma entrada para compartilhar seria o ideal para duas pessoas.
Tradicional torta de limão com chantilly
Fondant de chocolate servido com sorvete de baunilha
A noite, no Kurland Hotel, as lareiras ficam acesas (se o dia estiver mais frio, elas ficam acesas durante o dia também), as velas acesas, fica tudo muito romântico! O cenário é ideal para uma lua-de-mel!
Já no segundo jantar do Kurland Hotel, optamos por um vinho tinto. Então, nossas escolhas foram mais fortes, inclusive o prato do Fábio foi à base de carne. Outro jantar maravilhoso preparado pelo Chef Leon e sua equipe!
Sopa orgânica de brócolis, alho-poró, tomilho e croutons
Mexilhões em infusão de vinho branco, com baguete
Nhoque italiano com char zucchini grelhado, coentro fresco e creme de molho parmeasão
Lombo de carne, servido com batata doce e feijão fino
Apesar de ser uma sobremesa deliciosa, pedimos apenas um Creme Bruleé para compartilhar
Chá-da-tarde
Todas as tardes um chá-da-tarde fica a disposição dos hóspedes do Kurland Hotel. Eles deixam geralmente um bolo, torta, biscoitinhos, e você pode pedir um chá, ou um café. Achei isso tão carinhoso com os hóspedes, por que as vezes você sai para fazer os passeios por perto, e quando chega pode fazer um lanche, e curtir a varanda do hote, no quente da lareira (eles também deixam umas mantas disponíveis para os hóspedes).
Chá-da-tarde do Kurland Hotel
Outras comodidades
O Kurland também possui uma piscina deliciosa para curtir sua estadia. Mas infelizmente não conseguimos curti-la devido ao tempo nublado nos dois dias que estivemos no hotel. Conseguimos curtir um pouco, apenas a privativa do nosso quarto, e mesmo assim, um pouco antes de ir embora.
Após cinco anos fechado para restauração, símbolo centenário volta a funcionar, mais moderno e sustentável
Foi reinaugurado hoje, 26 de abril, às 10 horas, no Museu de História Natural e Jardim Botânico (MHNJB) o Presépio do Pipiripau, restaurado pela UFMG em parceria com o Instituto Unimed-BH. A partir de agora, o Presépio estará aberto para visitação às quartas, quintas e sextas, às 11 e às 16 horas, e aos sábados e domingos, às 11h, 12h, 15h e 17 horas.
Instalação construída ao longo de 82 anos (1906-1988) que narra nascimento, vida, morte e ressurreição de Cristo, o Presépio do Pipiripau tem cerca de três mil objetos e 45 cenas que mobilizam 586 figuras, numa área de 20 metros quadrados. Todo o mecanismo é criação do artesão Raimundo Machado Azeredo. Autodidata, “Seu” Raimundo nunca projetou o resultado final da obra, cujos quadros surgem a partir da curiosidade, habilidade e devoção do próprio criador.
Com peças modeladas em argila, papel machê, conchas e outros materiais – e engenhoso maquinário desenvolvido a partir de barbante, carretéis de linha, polias, mecanismos de relógio, radiola, gramofone e todo tipo de maquinário que seu criador fosse conhecendo através das décadas – o Pipiripau é patrimônio cultural e artístico e uma das mais significativas expressões da arte popular de Belo Horizonte.
Em 1984 o Presépio do Pipiripau foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Ele é um dos maiores patrimônios de nossa cultura, a obra da vida de um grande artista popular. As cenas e personagens que ele construiu aliam a religiosidade do povo mineiro, a simplicidade de seu cotidiano e o deslumbre com os engenhos. À medida que ia tendo contato com as tecnologias, que rapidamente se sobrepunham no século XX, foi incorporando-as à instalação, sempre para permitir uma nova representação. Para a UFMG, é um orgulho devolvê-lo restaurado à cidade de Belo Horizonte”, afirma o reitor Jaime Ramirez.
Presépio do Pipiripau (Fonte Divulgação: Tati Motta)
“O Presépio está funcionando maravilhosamente. Vamos devolvê-lo com a qualidade e o carinho que a cidade merece. É uma obra ímpar por sua delicadeza, inocência e capacidade de nos transformar”, ressalta o professor da Escola de Belas-Artes da UFMG, Fabrício Fernandino, coordenador geral do projeto de restauração e professor da Escola de Belas Artes.
O projeto abrangeu a restauração e modernização da obra, aprovado pelo Iphan, com financiamento regulado pela Lei Rouanet. A captação total de R$ 565 mil foi firmada com o Instituto Unimed-BH.
“Além de cuidar das pessoas, também nos dedicamos a espaços que fazem parte da história e da identidade de Belo Horizonte, reforçando nosso compromisso social com a população e a cidade. Por isso, escolhemos participar do restauro do Presépio Pipiripau, um dos nossos patrimônios. “Estamos muito felizes com o resultado e, principalmente, em poder contribuir para esta entrega tão simbólica para os mineiros”, ressalta o diretor-presidente da Unimed, Samuel Flam.
A restauração
O Presépio foi fechado em abril de 2012, quando foi executado o diagnóstico para reparo. A partir daí, foram elaborados os projetos complementares para a nova edificação, como instalações elétricas, hidrossanitárias e de prevenção a incêndio, segurança eletrônica, sonorização, sinalização de emergência, entre outros.
A restauração de todas as peças do Presépio foi mapeada e registrada em vídeos e fotografias. O processo foi encerrado em fevereiro de 2017. O projeto, que abrangeu a restauração e modernização da obra, foi aprovado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), com financiamento regulado pela Lei Rouanet. A captação total de R$ 565 mil foi firmada com o Instituto Unimed.
A restauração começou em 2014 e ficou a cargo do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais (Cecor) da UFMG, com a participação de mais de 50 bolsistas de várias áreas. Além disso, contou com o trabalho voluntário de professores do curso de Engenharia Elétrica e Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos da UFMG, além de outros profissionais e empresas privadas. A construção de uma passarela de acesso para cadeirantes, pintura e reforma do telhado da sede foram executadas pelo Departamento de Manutenção de Infraestrutura (Demai) da UFMG.
“Todas as madeiras estavam completamente atacadas por cupins. No diagnóstico inicial, a equipe nem chegou a ter acesso ao último patamar porque não havia condições de subir. As condições de acesso eram muito precárias”, conta a professora Bethânia Reis Veloso, coordenadora geral da restauração do Presépio e diretora do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis UFMG (Cecor/UFMG). Sua equipe fez muitas análises e raios-x das peças para entender qual a técnica, o modo de fazer, e assim manter a originalidade.
Os riscos da restauração eram relativos à estrutura elétrica e hidráulica. Além disso, os materiais estavam desgastados pelo uso e pelo tempo porque “Seu” Raimundo usou, na construção, os materiais que tinha acesso, como tubos de pasta de dente, papier-mâché, roach dentário, caco de vidro etc. “Todo o chassi, por exemplo, estava severamente comprometido por cupins”, lembra Fabrício Fernandino. O chassi foi trocado e professores e alunos da Escola de Engenharia da UFMG repararam a parte elétrica e hidráulica.
Cada peça do Presépio recebeu uma ficha, como se fosse um ‘prontuário médico’ e foram diagnosticadas todas as patologias e danos. “Os registros fotográficos e pequenos filmes que fizemos foram fundamentais na montagem da cenografia, para localizar a posição de todas as peças e permitir que tudo voltasse ao seu lugar exato”, explicou Thaís Carvalho, coordenadora técnica da restauração do Presépio e especialista em restauração pelo Cecor/UFMG.
Posteriormente, foram feitas as análises químicas de materiais como plásticos, a fim de se conhecer a estabilidade do material e definir a metodologia mais adequada para a recuperação.
Ao retirar as camadas de areia e papel, os restauradores viam que a madeira estava muito mais danificada do que se pensava. Eram coisas que superficialmente não apareciam. “Havia fios encapados com tecidos e reatores que poderiam ter causado um incêndio e também graxa impregnada nos eixos. Muitos bonequinhos já não funcionavam adequadamente”, lembra Thaís.
Detalhes
Todo o material usado na restauração foi compatível com o original. “Tudo teve que ficar idêntico”, diz Bethânia. Segunda ela, os processos tiveram qualidade de ponta, desde a fotografia, passando pelo diagnóstico, identificação de materiais, análise química e higienização, assim como tintas, vernizes, tecidos, vegetação sintética e resinas. “Visamos uma longevidade ainda maior do Presépio”, salientou a professora.
Presépio do Pipiripau (Fonte Divulgação: Tati Motta)
O tratamento dos tecidos das roupas foi feito nos próprios bonecos. “Se desmontasse, perderia o registro da costura. A ideia foi preservar o modo de fazer, a história”, disse Bethânia. Fabrício Fernandino relatou que os bonequinhos de plástico estavam frágeis como casca de ovo. Além disso, eram feitos de celulose, material altamente combustível. Alguns foram reproduzidos usando resina de poliéster, que não é inflamável.
Conforme destacou Thaís Carvalho, as substituições de materiais, como a vegetação natural, foram procedidas com o objetivo de se preservar a obra. “Além de ser coletado em local perigoso, a vegetação de musgos era úmida, continha terra, insetos e cupim de solo. Ainda tinha que ser molhada, o que favorecia o crescimento fúngico e a oxidação das bases metálicas”, observou. A vegetação cenográfica artificial, adquirida em São Paulo, foi costurada em uma tela, para que fosse dispensado o uso de cola. Essa tela foi amarrada com náilon em alguns pitões. “Isso tornará fáceis as substituições futuras. Pequenas adaptações como essas são justificáveis em função da conservação”, reforçou.
Assim como a vegetação, a nuvem de algodão também foi amarrada sem uso de cola, material que, com o passar do tempo, se torna áspero e ajuda na deterioração. O algodão convencional foi substituído por um similar de silicone, que não pega fogo. As lâmpadas incandescentes, que ao aquecer poderiam queimar o papelão e a madeira, foram trocadas por lâmpadas de led.
A parte metálica passou por um processo muito semelhante à lanternagem que é feita em carros, com remoção da ferrugem e laminação. A cenografia foi toda reintroduzida, “boneco a boneco, parafuso a parafuso, fio por fio”. “Tudo muito delicado e sutil”, pontua Bethânia.
Detalhes como o rótulo de uma lata de cera inglesa foram preservados. O Pipiripau contém também peças feitas com tampinhas de perfume, e outras com tubos de pasta de dente, como as capas dos reis magos. “Seu” Raimundo usou conchinhas com 1 milímetro de diâmetro para fazer olhos dos bonecos, peculiaridade que só foi percebida com o uso de uma microcâmera. “A princípio, achávamos que eram miçangas”, relata a professora.
Digitalização
Idealizado pela bibliotecária Laibe Batista em 2015, o projeto de restauração e digitalização dos documentos do Presépio do Pipiripau foi concluído no começo de abril em parceria com o Centro de Museologia e Conservação do Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG (MHNJB). Laibe explica que “o acervo documental do presépio se confunde com o acervo pessoal do seu criador”, já que é composto, entre outros itens, por jornais, livros, catálogos, correspondências, fotografias, diplomas e medalhas de Raimundo Machado.
O conservador e restaurador Mário Sousa orientou os procedimentos de restauração do acervo documental do presépio. Ele enfatiza que “realizar esse trabalho possibilitou se envolver com a memória da cidade de Belo Horizonte, que passou por rápidas transformações vislumbradas por um cidadão simples, do povo, apaixonado pelo movimento, esse mesmo movimento que o impulsionou na empreitada pela consecução de sua obra mestra”.
Todo o acervo documental do presépio foi digitalizado em DVDs que serão disponibilizados, em breve, para consulta local na Biblioteca do Museu.
Obra centenária
No ano de 1906, o Presépio do Pipiripau começou a ser construído por Raimundo Machado de Azevedo, ainda criança, em sua própria casa. A obra teve início com uma pequena imagem do Menino Jesus numa caixa de papelão, forrada com cabelo de milho, musgo e folhas. Ao longo das décadas, o Presépio ganhou outros personagens feitos de barro, papier-mâché e gesso.
O Pipiripau cresceu à medida que cenas do cotidiano e passagens da Bíblia foram sendo incorporadas. Entre os mecanismos usados para prover movimento aos personagens, o autor usou pedais de antigas máquinas de costura, sistema de cordas de gramofone e uma caldeira a vapor, substituída posteriormente por um motor elétrico.
Vendido para a UFMG em 1976, o Presépio foi transferido para o Museu, mas a manutenção continuou a ser feita por “Seu” Raimundo até sua morte, em 1986. Desde 1984, o Presépio é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Linha do tempo
1906 – Aos 12 anos, Raimundo Machado inicia a construção do presépio. Quatrocentos réis conseguidos com a venda de garrafinhas patrocinam a compra da primeira peça: o Menino Jesus.
1912 – Seu Raimundo começa a movimentar as peças por um sistema de pedal. O primeiro personagem a se mover é o pescador, que pesca sempre o mesmo peixe.
1919 – Por comando movido à água, a lagoa se enche e se esvazia. Seu Raimundo começa a trabalhar como mecânico da Central do Brasil, onde fica até 1923. A Estrada de Ferro Central do Brasil foi uma das principais ferrovias do Brasil, ligando as então províncias do Rio de Janeiro, São Paulo,Minas Gerais e a então capital do país.
1920 – Seu Raimundo casa-se com Dona Ermenegilda e inicia-se uma década de investimentos no presépio. Aproveitando o movimento de um gramofone, a procissão pode entrar e sair da igreja, os sinos tocam e o lenhador corta a lenha. Esse mecanismo é substituído por uma caldeira a vapor (1923/1924) e depois pela eletricidade (1927).
1921 – O presépio ganha iluminação a gás (lampião) e um incêndio destrói a obra de arte. A reconstrução começa imediatamente.
1922 – Registro da primeira fotografia do presépio, tirada pelo Sr. Junqueira, funcionário da então Escola Livre de Engenharia.
1924 – As figuras do presépio começam a ganhar roupas, produzidas por Dona Ermenegilda.
1925 – Para dar continuidade à montagem do presépio, Seu Raimundo recorre ao financiamento patrocinado por amigos.
1927 – O presépio é descoberto pela imprensa. A primeira notícia foi publicada no Jornal Tribuna. Em seguida, no Diário de Minas. O então jornalista Carlos Drummond de Andrade, sob pseudônimo de Antônio Chrispim, escreve: “Meus olhos mineiros namoram o Presépio e dizem alegremente: mas que bonito!” O poema Pipiripau batiza o presépio.
1939 – A frente do Presépio do Pipiripau começa a ser ornada com cristais, sucata e pedraria.
1950 – Seu Raimundo começa a utilizar conchas para representar novas figuras.
1960 – Seu Raimundo aposenta-se na Imprensa Oficial (onde ingressou em 1927) e continua trabalhando na montagem do presépio em um galpão montado no quintal da sua casa, no bairro Sagrada Família. O presépio chega a 20 metros quadrados, 580 peças e 45 cenas. Pipiripim, a versão miniatura do Pipiripau, é criada.
1971 – Seu Raimundo recebe a Medalha da Ordem dos Pioneiros, em reconhecimento à sua significativa atuação na construção da história e da cultura de Belo Horizonte.
1976 – Primeira exposição pública do Pipiripau, no Parque de Exposições da Gameleira.
1976 – Transferência do Pipiripau para o Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG, que o adquiriu formalmente em 1983. Seu Raimundo continuou oferecendo manutenção e supervisão ao presépio até falecer.
1984 – O Presépio do Pipiripau é tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional .
1986 – O Pipiripim, versão miniatura do Pipiripau, também é transferido para a UFMG.
1988 – Em 27 de agosto, aos 93 anos de idade, Seu Raimundo falece.
2012 – O presépio é fechado para diagnóstico e elaboração de projetos de reparo.
2014 – Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais (Cecor) da UFMG inicia os trabalhos de restauração.